quarta-feira, 13 de abril de 2011

Avassalador


Avassalador: essa é a palavra que no dicionário tem o significado "que ou que avassala".
Se o Lenine cantasse para mim um dia diria "Avassalador, chega sem avisar, toma de assalto,
atropela, vela de incendiar". 
Avassalador se eu pudesse traduzir sem a maestria e a poesia de Lenine é tudo isso: algo que a gente não espera e acontece, arrebata. Arrebata tanto os pensamentos que a vida parece uma toada sem juízo e que a cabeça deixou de funcionar como deveria.Você oscila entre a emoção e a razão como se tivesse duas opções, quando na verdade só se tem uma e você sabe bem qual é, no caso a segunda.
Mas quem controla a emoção de um desejo proibido, de um desejo guardado por meses? O mais avassalador é pensar no que ainda está por vir, no que nos espera no caminho... 
O beijo avassalador é aquele que aconteceu? O sexo que avassala é o
que foi consumado, gozado, eternizado?
Avassalador é pensar que tudo de mais arrebatador na nossa vida se resume a uma vontade de estar perto, numa afinidade sem precedentes (porque ninguém é igual a ninguém), num escorregar de mãos por baixo da mesa que tem gosto de adolescência e fruto proibido, nos rostos colados sem o beijo consumado, no desejo da língua, quando ela ainda se resume a palavras, na magia do toque quando ele é o único amigo na hora que avassala mesmo, quando o abraço pode ser traduzido no breve silêncio do colo do hoje...
Avassalador é pensar que é tudo isso sem nada consumado, ou tudo consumado na nossa imaginação: noites de amor intenso, luares de conversas intermináveis, passos que caminham juntos para qualquer lugar, refúgio quando se está no caos, qualquer coisa que beire o
colo doce da vontade do coração, do abraço de um sorriso.
Avassalador é pensar que o amor é infinito. Que a gente consegue amar de várias formas, mas que amar sem avassalar é amar um pouco menos, não é amar... Porque se é amar, avassala...  

Nenhum comentário:

Postar um comentário